Expo : Travail des enfants au Nord-Est du Brésil

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Rencontre avec Sergio Pedreira

Par l’intermédiaire de l’Espace Brésil à Lausanne, l’association a sollicité le photographe Sergio Pedreira pour monter une exposition sur le travail des enfants au nord-est du Brésil, à l’arrivée de la marche mondiale contre le travail infantile.

Sergio Pedreira effectue, depuis 7 ans, des prises de vue d’enfants au travail dans les grandes plantations de sa région, autour de Salvador de Bahia. En 1998, il a gagné le prix triennal de photo de l’Union Catholique Internationale de la Presse, lors d’une rencontre organisée avec l’Unicef, à Paris, contact rendu possible par l’intermédiaire de sa venue à Païdos.

Pendant la marche mondiale contre le travail infantile, Sergio nous a côtoyé pendant plus de 2 semaines. Il a pris connaissance de notre travail tout comme nous avons pu mieux connaître ses préoccupations pour l’enfance maltraitée dans son pays. Nous élaborons maintenant, avec lui, des projets de soutien à ces enfants au travail. Nous espérons que ces projets pourront voir le jour à l’aube du troisième millénaire.

Survivre au Sertão

« Sou um sertanejo. Nasci e me criei sentindo o sol inciemente no lombo, pedindo a Deus chuva e clemência. As cidades cresceram, estradas rasgam o sertão, a luz chega nas fazendas, dos poços nos latifúndios brota água, tem eleição de dois em dois anos, mas o povo continua a ter esperança somente em Deus.

Sobreviver no sertão da Bahia é cada dia mais difícil e o sertanejo aprende isso desde menino, brigando a fome … correndo no pasto esturricado atras do gado faminto, catando laranja nas fazendas, aos magotes, feito boiada, quebrando pedra e amassando os dedos no martelo, furando as mãos e até os olhos na colheita do sisal, decepando dedos na máquinas, respirando o pretume do pó de carvâo, raspando toneladas de mandioca horas a fio, enterrando-se na lama do mangue à cata do carangueijo …

Infâncias perdidas, artistas e gênios, quem sabe, assassinados inocentemente a cada dia na labuta sem fim, escravizante, humiliante.

Essa tristeza nunca consegui apagar de meus olhos, desde menino. E agora, já adulto, decidí registrar tudo. O olhar triste et brilhoso, os corpos em formação e já marcados, o amanhã comprometido.

Registrar para que todos vejam e saibam, para que os poderosos voltem sua atenção e tratem de cuidar já deste outro Brasil que não podemos ignorar.

Temos, todos juntos, de mudar essa realidade. Minha forma de contribuir para ajudar a mudar esse quadro é essa, retratando e divulgando meu grito em cores.

Sérgio Pedreira, fotógrafo – Bahia/Brasil

Témoignages d’enfants photographiés par Sergio Pedreira

« Quebrar pedra machuca a mão e cansa muito, mas é o que a gente tem pra fazer, pra ajudar em casa, ganhar um trocado. »
« Casser la pierre fait mal aux mains et fatigue beaucoup, mais c’est ce qu’il faut faire, pour aider à la maison, gagner un peu d’argent. »
Jovino, 13 ans, casse de la pierre depuis 3 ans à Santaluz-Ba

« Tem dia que não dá vontade de ir pras pedreiras porque dói os dedo, os braço e até a cabeça. O barulho dos matelo mas pedra fica a noite toda no juízo da gente, martelando ruim aqui dentro. »
« Il y a des jours où l’on n’a pas envie d’aller dans les carrières parce que ça fait mal aux doigts, aux bras et jusqu’à la tête. Le bruit du marteau sur la pierre reste dans notre pensée la nuit, martelant fort à l’intérieur. »
Tereza, 12 anas, travaille depuis 2 ans dans les carrières de Santaluz-Ba

« Trabalho no sisal proque precisa, pra arrumar dinheiro pra minha mãe arranjar comida pra gente. Mas eu queria é estar na escola, ter roupa bonita, aprender as coisas. »
« Je travaille dans la brousse parce qu’il faut ramener de l’argent à ma mère pour qu’elle prépare à manger pour nous. Mais j’aimerais être à l’école, être bien habillée, apprendre des choses. »
Angela, 13 ans, aînée de 7 enfants, travail dans une plantation de sisal

« A folha do sisal corta, fura a mão da gente, os braço, tudo. O dinheiro é pouco, só pra afudar em casa. Quando eu ganhar mais dinheiro vou é comprar um violão pra aprender a tocar, mas não sei quando. »
« La feuille du sisal coupe, entaille la main, les bras, tout. L’argent n’est rien, seulement pour aider à la maison. Quand je gagnerai plus d’argent je m’acheterai une guitare pour apprendre à en jouer, mais je ne sais pas quand. »
Jeremias, 10 ans, travaille depuis l’âge de 9 ans dans des champs de sisal

« Catar laranja é bom, porque tem muito menino e ajuda a dar de comer a minha mãe e meus irmãos em casa. A gente chega cedo e só no escurecer volta pra casa à vezes todo estropiado. Me jogo na rede e durmo até o outro dia começar tudo de novo. »
« Récolter des oranges c’est bien, parce qu’il y a beaucoup d’enfants et que ça aide à donner à manger à ma mère et mes frères à la maison. On rentre tard et seulement la nuit, parfois très fatigués. Je me jette dans mon hamac et je dors jusqu’au lendemain pour tout recommencer. »
Edicarlos, 14 ans, cueilleur d’oranges à Ipaticuru

« Aprendi a rapar mandioca desde menina com minha mãe, pra fazer farinha. E muita menina, a gente rapa um montão de mandioca, às vezes a gente canta mas cansa muito e dé sono, vontade de largar tudo, sair correndo. »
« J’ai appris à piler le manioc toute enfant avec ma mère, pour faire de la farine. Il y a beaucoup de filles, on râpe beaucoup de manioc, des fois on chante mais on se fatigue vite et on tombe de sommeil, envie de tout laisser tomber, de partir en courant. »
Josefa, 11 ans, travaille dans les fabriques de farine de Maragogipe, Recôncarvo Baiano